Valley of the Dolls virou um clássico-retrô por causa de seu
conteúdo facilmente relacionável – carreira, moda, beleza, poder, vingança,
amor. Ao seu lado estão, por exemplo, os aclamados O Diabo Veste Prada e Os
delírios de consumo de Becky Bloom. Histórias que poderiam cair na
trivialidade se tornaram cult pela
imagem sincera que transmitem de alguns
universos ‘femininos’.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
SPFW: PAULA RAIA
O cenário do desfile de Paula Raia na São Paulo Fashion Week
é uma extensão do conceito apresentado nas roupas. Elas, por sua vez, são
também uma extensão da própria estilista. A coleção de Raia e a maneira como ela
foi apresentada – na casa dela, projeta por Isay Weinfield – mostram claramente
a relação íntima que tem com aquilo que produz.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
SPFW: GIULIANA ROMANNO
O desfile da estreante Giuliana Romanno na São Paulo Fashion
Week tinha ares desérticos. De diversas formas, o conceito de aridez se revela nessa
coleção que não tem nenhum rastro de imaturidade. Pelo contrário, o estilo de
Romanno se coloca na passarela de maneira sólida, direta e concentrada. Sem
afetações teatrais, a estilista apresenta uma moda que consegue pontear o comercial
e o conceitual: tarefa árdua, mas exequível. Mesmo mantendo as roupas no
patamar do “usável/vestível”, sua abordagem não é simplista. Os recortes acontecem
em posições estratégicas e não se restringem a obviedade de uma fenda na perna.
As texturas também são bem trabalhadas, algumas vazadas e outras brilhantes sem
atrapalhar no caimento das peças.
terça-feira, 1 de abril de 2014
SPFW: JOÃO PIMENTA
A primeira imagem que se configura na passarela limpa e sem
cenário do desfile de João Pimenta na São Paulo Fashion Week é impactante,
apesar de não ser inovadora. Um menino de longas madeixas escuras com rosto de
menina anda timidamente como quem não é modelo há muito tempo. Ele nos lembra
das raízes do trabalho do estilista que começou na Casa de Criadores, evento que envolve profissionais jovens que podem explorar mais possibilidades criativas. Nessa época, Pimenta ficou conhecido
por trabalhar com elementos da androgenia. Vestidos, saias e tantos outros
recursos, como bordados e transparências, feminilizavam a imagem final das
roupas produzidas por João.
quarta-feira, 19 de março de 2014
FAMÍLIA E REPRESSÃO
Ao
ler qualquer livro de Jonathan Franzen, uma sensação um pouco perturbadora toma
conta de qualquer leitor que não seja absolutamente passivo a obra: Franzen
escava a vida de seus personagem com mais coragem do que nós somos capazes de
ter para olhar o nosso interior. Além disso, ainda é capaz de levar em
consideração todo o contexto social que envolve as vidas das pessoas de dentro
de suas narrativas. Ele as coloca no centro de polêmicas borbulhantes mundo
afora e descreve o ambiente não apenas como um cenário, mas sim como um agente
ativo na composição da psique de cada um deles.
quarta-feira, 12 de março de 2014
"KAISER"
Quando se começa a tentar entender a concepção da palavra
“estilo” dentro do microcosmos da moda, o primeiro nome e, por sinal, o mais
clichê que nos vem a cabeça é imediatamente o de Gabrielle Bonheur Chanel.
Talvez a francesa mais importante para a história da Alta Costura, ela ajudou –
com o desenvolvimento de seu trabalho sólido e pretensioso como estilista e
costureira durante grande parte do século XX – a definir o que é essa palavra
tão batida atualmente por revistas, sites e outras diversas plataformas de
comunicação.
sábado, 8 de março de 2014
O TERRÍVEL É SUBLIME
Na França, a Alta Costura é um orgulho nacional. O termo
“Haute Couture” é “patenteado” pela câmara sindical do segmento. Para conseguir
se incluir nesse seleto grupo de ateliers extremamente refinados, uma série
longa de requisitos deve ser preenchida. Basicamente, tudo deve ser feito
inteiramente a mão, as clientes devem concluir algumas sessões de prova das
peças que vão comprar, entre muitas outras regras. Pouquíssimas pessoas no
mundo tem dinheiro o suficiente para realmente consumir Alta Costura. É por
esse motivo que, em geral, ela não é mais uma atividade diretamente lucrativa.
O status quo que a Alta Costura agrega para a maison é o que realmente vende.
Vende perfume, acessórios e entre outros produtos mais acessíveis que atingem
vendas estrondosas e sustentam o mercado do mais alto luxo.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
THE GIRL OF "GIRLS"
CONTÉM SPOILERS
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
CONTO: CABELO - PT.2 - FINAL
Dentro do seu peito sentiu alguém ficar assustado com
aquele fenômeno. Contudo, esse alguém ou essa parte de seu ser não se
manifestou externamente. Sua expressão manteve-se estática. Observava aquele
horror e encarava-o como uma manifestação natural. A sua natureza a assustava,
mas ela continuou quieta. Aos poucos o terror foi se esvaindo e dando lugar a
um conformismo alienante. Ela não se importava mais, foi se entregando aquele
cabelo que crescia involuntária e vagarosamente de seu couro cabeludo. Seus
fios nunca pareceram tão fortes. Ela decidiu tocar os cabelos novamente pela
primeira vez. Tocou a virgindade dos novos folículos próximos à cabeça.
Sentiu-se exposta, auto-flagelada, mas sentiu prazer. Todo o arrepio que
poderia se espalhar deliciosamente por todo seu corpo concentrava-se nos fios
de cabelo que, certamente, agora tinham terminações nervosas fervorosas. Ela
sentia as pontas dos seus fios, era como se todo o cabelo tivesse adquirido
tato. Ao mesmo o seu corpo foi perdendo esse sentido: amolecia e formigava das
extremidades até os órgãos em uma cadência rítmica e intensa, apesar de
demorada e insistente.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
CONTO: CABELO - PT. 1

Musculaturas de partes aleatórias de seu corpo e, até mesmo,
algumas outras não conhecidas foram acionadas no intuito de puxar suas
pálpebras para cima. Os cílios, anteriormente trançados entre si em um trabalho
quase artesanal de tramas que durou toda a madrugada e boa parte da manhã
enquanto dormia, finalmente se desatavam penosamente em resposta a agitação
muscular que expressava um desejo poderoso pela lucidez do despertar. A
circunferência de sua pupila, quando entrou em contato com a atmosfera, ainda
escondia uma parte majoritária de sua íris intimidada pela escuridão de seu
sono. Suas têmporas latejavam e guerreavam com as tentativas voluntárias de seu
corpo em acordar. Empurravam as pálpebras para baixo, amarravam os nós dos
cílios ainda mais, selavam essa combinação com a secreção ocular que escorre
dali durante a noite. Uma luta entre os processos conscientes e inconscientes
de si mesma. Ela guerreava contra si e girava lentamente. Girava lentamente,
mas girava. Escorregava um de seus ombros para baixo de suas costas e projetava
o corpo de modo a terminar a volta pondo-se de bruços em um processo
interminável. Ao desistir dos rodopios, suas narinas estavam sufocadas entre a
aspereza dos fios de seu cabelo e a maciez do algodão da fronha de seu travesseiro
que serviu de campo de batalha para a noite insalubre que seus impulsos
cerebrais a proporcionaram. Não conseguia respirar. Depois de alguns segundos
nada angustiantes, a asfixia obrigou seu corpo a abrir violentamente a sua
boca. Os lábios se desgrudaram e, por um espaço pequeno entre fios de cabelo,
travesseiro e carne, uma grande quantidade de oxigênio foi sugada para
brônquios desesperados com a inanição de uma consciência de si inconsequente,
mas efetiva. A razão do despertar vencera.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
ROYAL DRAMA MAKEOVER
O nosso blog está finalmente passando pela reforma que tanto queríamos fazer. Trata-se não só de uma repaginada no design, mas também da adoção de uma nova linha editorial. Ao voltarmos, esperamos construir aqui um espaço de liberdade totalmente alienado à existência do medo. Escrever sem amarras, com coragem e o principal: rigor.
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